Marcel Moreno
Todos os dias me devoro. Saboreio
cada pedaço de minhas entranhas até que meu cérebro quase estoura de tanta
informação.
Sim.
Me devoro porque meu leio. Me lendo me saboreio. Em um raciocínio ou outro, me
conheço mais, me encanto neste divertido deleite.
Se me leio é
porque lendo-me adquiro mais de mim. Me
aproximo do eu que antes repousava em meu estomago. Agora está aqui mais do que
nunca.
Se
falo muito de mim é porque este é o assunto que domino. Não me mostro, não me
exalto, me coloca a disposição para que você saborear também.
Saboreando-me
você tem um pedaço de mim em você. Os gregos achavam que devorando um outro,
toda sabedoria está contida agora dentro de quem comeu.
Quando
escrevo ou falo, deixo uma parte de mim a disposição de quem estiver com fome.
Fome esta que se dissipa a cada momento.
Como
na eucaristia, devoramos o corpo e o sangue de cristo para assim podermos gozar
da divindade que outrora caminhava na terra. Assim somos nós e ele num único
corpo.
Platão
não deu nome de O Banquete a seu livro não por conta da comilança. Ele mesmo
define como banquete de ideias. Leia-o e dele terás um pouco, você será um pouco.
Se
já, por lei do homens, não posso me servir em carne e sangue real, deixo minha
pouco sabedoria útil inútil para quem quiser desvendar este mundo que não tem
fim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário