segunda-feira, 12 de março de 2012

AS FLORES DO JARDIM



São inúmeras as flores que colho no meu jardim. Sim, porque é no meu jardim que elas florescem. E assim como um curioso apaixonado, tento desvendar seus segredos, sem que elas percam suas essências, mas que de certa forma possam desabrochar para mim sem medo, e eu viajo por entre pétalas, acaricio o receptáculo, me embebedo de néctar e me embuzio de pólen.

Dias colho Flores de Lótus. São flores que nascem da lama, luta pela sobrevivência, como todas realiza sua fotossíntese, o sol é seu esculento, busca nele sua sobrevivência, faz de cada momento sua micro vitória e sua grande conquista momentânea, sempre pronta, segue para a próxima sem pestanejar, até que tudo se movimente, e sua vida mude por completo. Sem vilipêndio a qualquer obstáculo que possa surgir, nada a segura, e ascende assim como fazem a água em vapor, evoluindo para dar inicio novamente ao processo, não menos doce que a rosa, mas muito mais dura consigo mesma na transposição de seus obstáculos.

Por vezes encontro rosas. Flores meigas, lindas, delicadas, inteligentes, estonteantes. Mas não se engane. Simplesmente por serem belas, não deixam de ferir. Seus espinhos denunciam seu lado forte, avassalador, devastador, não de raiva, mas de amor. O delicado envolve a personalidade forte, hipnotizante, capaz de deixar aturdido a qualquer um. Não é fácil conquistar o amor de uma rosa, não é tão fácil quanto sentir seu espinho, e talvez a dor do mesmo seja a prova de que possa ter chegado ao seu interior.

O acaso só me reserva flores especiais, assim como os girassóis. Quem o vê imagina que sempre esta a buscar somente a luz do sol, que produz somente o que alguns precisam, que parece fútil, que tem uma beleza vazia. Mas pro trás de sua luz própria, mesmo embezerrado, seu vivaz escondido, encontramos uma flor forte, capaz de se reerguer depois de qualquer vendaval. Ela sabe, ela o é, ela entende, ela compreende, e compreendendo o mundo ela é feliz.

As flores que colho são escolhas minhas, e não as seleciono pela beleza, e tão pouco pelos seus atributos. São suas características peculiares a cada uma que me conquistam e me dominam. Não sei dizer se sua olência, sua textura ou suas atitudes, o fato é que flores comuns quando vejo me foge o interesse, tão pouco flores grandes, bonitas, atraentes, podem como as Aráceas, exalar seu cheiro pútrido que provem do seu interior, denunciando assim o âmago. O fato é muitas surgem nas nossas vidas, e mesmo diante de tamanhas vivacidades, belezas e singularidades, cabe a nós decidir o que é uma erva daninha e corta-la de vez (as vezes erva daninhas valem mais do que as belas flores).

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