Arthus queria ser louco. Isso
mesmo! Louco. Ele não sabia qual era o verdadeiro significado da palavra louco,
mas sabia que o louco não era o normal. Louco não era aquele que tinha que
acordar todo dia um punhado horas antes de entrar no trabalho para não chegar
atrasado; louco não era aquele que tinha que vendar a janta para comer no
almoço; Louco não é assalariado; Louco não fica se matando no trânsito; Louco
não é aquele que não tem compaixão pelo próximo; Louco não é aquele que é louco
por dinheiro; Que loucura este mundo! Pensava, mas desta loucura não pactuava.
O
louco que Arthus queria ser era o louco ao extremo. Sabia dos riscos que
corria, mas louco seria a saída para tudo. Sabia que muitos dos loucos que
queria ser, outrora foram exilados, mortos, massacrados pelos anos 60, 70, 80;
Outros muitos acabaram curados sentados em suas poltronas, hipnotizados pela
caixa falante e contando o vil metal como já dizia Elis Regina. Muitos loucos
foram acusados de Comunistas. Outros loucos pelo mundo afora se aprofundam nas
artes visuais, na música, nas pinturas, .... Louco que é louco de verdade não
se cura, fica mais doente ... e padece de vontade, mas não desiste. Já dizia os
velho Sábios como Sócrates que a única verdade é que não sabemos nada e ponto.
Queria
ser louco destes que pesquisam, que ensinam, que olham a sua frente, a frente
da realidade, dos anos, do seu tempo, das mentes ditas normais. Queria a
loucura do amor, mas não a obsessão pela imagem e a carência da metade que o
completa. Sempre se perguntava: Até que ponto sei que minha loucura não me tira
a sanidade? Que sanidade? A sanidade da mente louca, ou a sanidade da vida
cômoda? Ao contrário do que muitos pensavam, Arthus mesmo perdido na sua
loucura, se achava completamente sábio para dizer o que não queria. E não queria
ser normal.
Arthus
queria era arrastar todas para sua loucura. Queria se reunir em classes de
loucos sedentos pela igualdade. Mas louco que era não via que os outros já não
se reconheciam como uma classe. Não! O capitalismo alem de egoístas, os fez pensarem
que são os maiorais dentre todos os maiorais. O poder de poder escolher e
consumir exageradamente creditava-os uma força que os fazia cegos. Cego pelo
dinheiro já não se viam como uma unidade de um todo. Seria o todo girando em
volta deles. A loucura já não tem espaço, assim como não espaço para o amor,
para a fraternidade, para a solidariedade, nem ... por nós mesmo, porque nos
destruímos a cada dia, e a nós mesmos, a ao nosso planeta, e a nossa vida
inteligente, porque se fazendo assim tornamo-nos desprovidos da maior riqueza
que um animal pode ter.
Sabia
que não mais podia voltar para a caverna e tão pouco poderia contar a ninguém.
Ideias sempre causam mal estares porque tiram as pessoas da situação cômoda e
inerte, para colocar suas mentes em movimento e fazê-las refletir. E refletir
dói. E refletir muda. E refletir faz sair. É no “pera ai e se” que tudo se
perde para nos acharmos diferente, mais loucos menos normais, mais marginais,
mais lúcidos talvez. Como se surtasse no apogeu da sua loucura, Arthus achou
então que como homem e ser pensante polegar opositor e telencéfalo altamente
desenvolvido não era louco, era normal, e louco seriam os que caminham como um
rebanho de ovelhas, como zumbis. Coitado de Arthus. Estava em fase terminal de
sua loucura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário